Eric Bordelet
“Falou em sidra, falou em Éric Bordelet.
( aleluia que já tem as sidras dele no Brasil, essas pelo menos a gente não fica passando vontade ).
Ele foi um dos primeiros, lá na década de 90, a elaborar sidras da “nova onda de sidras” que vemos hoje, trabalhando o cultivo em manejo biodinâmico e as cuveés sem aditivos.
Todo mundo sabe a história dele: Éric foi por muito tempo um dos grandes sommeliers franceses e resolveu voltar para a Normandia e fazer sidras. Mas não só fazer para sidras: para elevar ao máximo a elaboração das sidras, em técnica, qualidade, inovação, estudo.
Éric também trabalhou muito tempo com Didier Dagueneau, ícone da vinificação natural, que direcionou muito do seu pensamento de vida e trabalho.
É incontestável que as cuveés de Éric são uma porrada. E ele recebeu muita porrada na vida também: fora da apelação de origem, até hoje não recebe nenhum incentivo para a produção, e teve que se virar, desde o início, com essa idéia doida de elevar o nível da qualidade dos fermentados de maçã.
Hoje em dia, obviamente, ele não precisa de nada além do nome e da sua história para vender as sidras.
Pra mim o mais é lindo de ver é que ele, mesmo depois de décadas de porrada do mundo e um visível cansaço com as bobeiras do mesmo, ainda brilha os olhinhos nos contando de um novo fermentado que ele está fazendo, que não é sidra nem poiré… é o cormé, feito de uma frutinha antiga e quase esquecida por aqui.
Parente das maçãs e das pêras, o cormé já foi muito usada pra fazer birita mas hoje em dia ninguém faz mais. E muita gente nem lembra da existência da pobre coitada.
Ninguém, vírgula. O Éric lembra e faz questão de fermentar. E fica sensacional. Como ele mesmo diz, é “abrir uma caixinha nova no seu cérebro”, afinal, Cormé não parece vinho, não parece poiré, não parece sidra, parece…. Cormé.
Éric sai pela região caçando as frutinhas, colhendo manualmente as maduras – direto do chão, como maçãs, colocando as bichinhas no carro e transformando essas pequenezas esquecidas em fermentados finíssimos, delicados, intrigantes.
Pois é. Existe todo um mundo além da uva, além da maçã, além da pêra.”
Escrito por Lis Cereja